Bisfenol A ou BPA é um difenol, utilizado na produção do policarbonato de
bisfenol A, o policarbonato mais comum, e de outros plásticos[3] . A substância é proibida em países como
Canadá, Dinamarca e Costa Rica, bem como em alguns Estados norte-americanos,
mas no Brasil era utilizada na produção de garrafas plásticas, mamadeiras,
copos para bebês e produtos de plástico variados,[4] sendo proibida apenas ao final de
2011, com prazo até ao final de 2012 para a retirada do produto das prateleiras
e estoques.[5]
Desde a década de 1930 que se
suspeita que seja prejudicial à saúde humana (estudos sobre estrogenicidade[6] [7] ). Em 2008, após vários artigos do governo
dos EUA questionarem
sua segurança, alguns varejistas retiraram das prateleiras produtos com BPA. Um
estudo do FDA (Food and Drug Administration) de 2010
levantou preocupações quanto à exposição de fetos, bebês e crianças pequenas.[8] .
Monômero constituinte
do policarbonato de bisfenol A.
O bisfenol A foi usado primeiramente para fazer plásticos, e
produtos contendo como base o bisfenol A foram comercializados por mais de 50
anos. É ummonômero chave na produção de
resinas epóxi[13] [14] e nos plásticospolicarbonato mais comuns.[12] [15] [16] O plástico policarbonato, o qual é claro e
quase à prova de quebra, é usado para fazer uma variedade de produtos comuns,
incluindo mamadeiras e garrafas de água, equipamentos esportivos, dispositivos
médicos e dentários, cimentos e selantes dentais, lentes de óculos, CDs e DVDs,
e eletrodomésticos.[17] O BPA é também usado na sintese de
polissulfonas e poliéter cetonas, como antioxidante em algunsplastificantes, e como inibidor da polimerização no PVC. Resinas epóxi
contendo bisfenol A são usadas como revestimentos dentro de quase todas as
embalagens de alimentos e bebidas,[18] entretanto, devido a preocupações com riscos à
saúde pelo BPA, no Japão a maioria das embalagens com epóxi foram substituídas
por filme PET.[19] . O bisfenol A também é um precursor para o tetrabromobisfenol A, usado antigamente como fungicida.[20] O bisfenol A é o preparador de cor preferido
no papel térmico e no papel cópia sem carbono.
Estima-se a produção global do bisfenol A em 2003 em mais que 2
milhões de toneladas.[21] Nos EUA é fabricado pela Bayer MaterialScience, Dow
Chemical Company, SABIC Innovative Plastics (antes GE Plastics),
Hexion Specialty Chemicals e Sunoco Chemicals. Em
2004 essas empresas produziram pouco mais de 1 milhão de toneladas do bisfenol
A, a partir de apenas 7.260 toneladas em 1991. Em 2003, o consumo anual dos
Estados Unidos era de 856000 toneladas, 72% do qual era usado para fazer
plástico policarbonato e 21% para resinas epóxi.[17] Nos Estados Unidos, menos que 5% do bisfenol A
produzido é utilizado em aplicações de contato com comida.[22]
Em março de 2011 os biberoes na Europa deixaram de conter
Bisfenol A, uma substancia com graves riscos para a saúde segundo Greenpeace[22]
O bisfenol A é um disruptor
endócrino que mimetiza os
hormônios do organismo e pode causar efeitos negativos sobre a saúde[23] [24] [25] [26] . Os anos iniciais do desenvolvimento parecem
ser o período de maior sensibilidade a seus efeitos[27]. Organismos reguladores, como o FDA (EUA) e a ANVISA (Brasil), determinaram níveis seguros para
seres humanos, mas estes níveis são atualmente questionados ou revistos como
resultado de novos estudos científicos.[28]
Em 2009 a Endocrine Society divulgou comunicado científico
expressando preocupação com a exposição humana corrente ao BPA.[29]
Em 2008 um relatório do NTP (Programa Toxicológico Nacional) dos
EUA concordou, expressando "alguma preocupação por efeitos sobre o
cérebro, comportamento e glândula próstata em fetos, bebês e crianças",
com menor preocupação com o efeito sobre glândulas mamárias a mortalidade.[30]
Estudo de 2007 concluiu que o bisfenol A bloqueia
Em 2007 um painel do NIH (National Institutes of Health) dos EUA demonstrou
"alguma preocupação" com os efeitos do BPA sobre o desenvolvimento
cerebral e o comportamento de fetos e bebês.
O estudo do NTP também indicou "alguma preocupação"
com o efeito do BPA sobre o desenvolvimento cerebral e comportamento de fetos e
bebês.[32]
Estudo de 2008 concluiu que a exposição neonatal ao BPA pode
afetar o comportamento ligado ao dimorfismo sexual no adulto. Também em 2008
conclui-se que o BPA afeta, mesmo em nanodosagem, o processo da memória, porque
altera a potenciação a longo prazo do hipocampo.
Estudo com primatas da Yale School of
Medicine observou interferência
do BPA em conexões celulares do cérebro vitais para a memória, aprendizagem e
humor.[33] [34]
Hiperatividade, déficit de atenção e aumento da sensibilidade a drogas de abuso resultam do aumento da atividade mesolímbica
da dopamina causada pelo mimetismo da atividade
estrogênica pelo BPA.[35]
Estudo de 2009 baseado em experimentos com ser humanos e dados
epidemiológicos reforça a hipótese de que a exposição fetal ao composto seja
uma das causa subjacente do aumento do câncer de mama nos últimos 50 anos.[36]
Estudo in vitro de 2007 mostrou aumento permanente de tamanho da
próstata com concentrações de BPA usualmente encontradas no soro humano.[37]
Estudos de 2009 apontam para anomalias do ovário e efeitos
carcinogênicos por exposição durante períodos pré-natais críticos de
diferenciação, alteração permanente dos mecanismos hipotalâmicos
estrógeno-dependentes que organizam o comportamento sexual da fêmea de ratos
exposta no período neonatal, disfunção sexual masculina referida por adultos
que trabalham com BPA[38] .
Pesquisa realizada em 2010 demonstrou que o Bisfenol-A aumenta o
risco de disfunções sexuais masculinas, reduz a concentração e qualidade do sêmen,
segundo estudo publicado na revista “Fertility and Sterility”. A pesquisa foi
realizada durante cinco anos com 514 operários que trabalhavam em fábricas da China.[39]
Conforme vários estudos científicos recentes, o Bisfenol A vem
sendo cada vez mais indicado como um potencial responsável pela manifestação
(ou agravamento em mulheres geneticamente predispostas) da Síndrome do Ovário Policístico (SOP). Isto se explica pelo fato de que a
grande maioria dos plásticos atuais têm, em sua composição química,
justamente o Bisfenol A (BPA), o qual se presta, especialmente, como
matéria-prima do policarbonato. Utilizado para usos comerciais desde o ano
de 1957, o bisfenol A, segundo várias pesquisas já atestaram, comporta-se, acaso presente no organismo
humano (tanto adulto quanto infantil), como um hormônio feminino (o estrogênio).
Em resumo: o principal malefício do plástico fabricado com Bisfenol A vem a ser o aumento
da circulação, no sangue humano, de um produto químico semelhante (isto é,
bioidêntico) ao hormônio feminino. Consequentemente, o desequilíbrio hormonal
gerado pela contaminação com Bisfenol A afeta tanto homens quanto mulheres, ocasionando
profundas alterações na saúde hormonal, reprodutiva e comportamental de ambos
os sexos. Nas mulheres, o Bisfenol parece desregular a produção do hormônio liberador de gonadotropinas (GnRH) - note-se que ao nível da glândula pituitária
(hipófise), produtos químicos industriais (incluindo-se o BPA), por si só,
foram capazes de perturbar a liberação de gonadotrofinas [40] . Consequentemente, tais distúrbios, conforme
se viu acima em Causas relacionadas a
desordens endócrinas, encontram-se na raiz
da Síndrome do Ovário Policístico - SOP, até mesmo porque a produção exarcebada do hormônio liberador de gonadotropinas (GnRH) desequilibra a produção do Hormônio luteinizante (LH) em proporção superior à do Hormônio Folículo Estimulante (FSH) [40] . Este aumento do Hormônio luteinizante (LH) seria o estimulador da superprodução de andrógenos, fato que se
agrega à produção exagerada de androgênios pelos ovários [41] .
Eis alguns estudos que evidenciam tais afirmações:
1.
Um estudo recente
intitulado "Bisphenol A
(BPA) and its potential role in the pathogenesis of the polycystic ovary
syndrome (PCOS)" [42] (em português: "O bisfenol A e seu
potencial papel na patogênese da síndrome do ovário policístico"),
publicado na revista Gynecol Endocrinol em janeiro de 2014, confirmou assertivas
insertas em pesquisas anteriores acerca do potencial papel do Bisfenol A (BPA)
no desenvolvimento da Síndrome do Ovário Policístico (SOP). Observações
recentes demonstraram níveis mais elevados de BPA em fluídos biológicos de
mulheres com SOP e seu papel na patogênese da hiperandrogenismo e
hiperinsulinemia. Ao que tudo indica,
igualmente, a exposição da mãe ao BPA durante a gravidez também pode levar ao
desenvolvimento da SOP na prole feminina [42] .
2.
Outro estudo,
igualmente importante, de 2011, cuja leitura merece ser indicada, é o seguinte: "Endocrine Disruptors and Polycystic
Ovary Syndrome (PCOS): Elevated Serum Levels of Bisphenol A in Women with
PCOS" [43] (em português: "Desreguladores
endócrinos e Síndrome do Ovário Policístico (SOP): Níveis séricos elevados de
bisfenol A em mulheres com SOP"). Eis as conclusões de tal pesquisa: foram encontrados níveis
maiores de BPA em mulheres com SOP e uma associação estatisticamente positiva e
significativa entre andrógenos e o Bisfenol (BPA), fatores estes que apontam
para o fato de que o BPA possui um potencial e relevante papel, por ser umdisruptor endócrino, na fisiopatologia da SOP [43] .
3.
No artigo "Industrial
endocrine disruptors and polycystic ovary syndrome" (em português,
"Disruptores endócrinos industriais e a síndrome do ovário policístico"),
edição de dezembro de 2013, revelou-se, ainda, que o eixo
hipotálamo-hipofisário é castigado pelo
Bisfenol A (BPA), eis que o mesmo desregula a produção do hormônio liberador de gonadotropinas (GnRH). Ao nível da glândula pituitária (hipófise),
produtos químicos industriais (incluindo-se o BPA), por si só, foram capazes de
perturbar a liberação de gonadotrofinas [40] . Tais distúrbios, conforme se viu acima em Causas relacionadas a
desordens endócrinas, encontram-se na raiz
da SOP, até mesmo por conta do desequilíbrio causado na produção do Hormônio luteinizante (LH) em proporção superior à doHormônio Folículo Estimulante (FSH).
Afeta o coração de mulheres, danifica de forma irreversível o
DNA de camundongos e ratos e está entrando no corpo humano por uma variedade de
fontes desconhecidas.[44]
Provoca aborto, prematuridade, restrição ao crescimento
intrauterino e pre-eclampsia.
Impacta a permeabilidade intestinal. Induz a asma.
Em humanos, uma dose única (baixa ou elevada) de BPA é bem
absorvida e o composto sofre metabolização de 1ª passagem completa no fígado a
glucuronídeo de BPA, como principal metabolito. Este glucuronídeo é, de
seguida, excretado na urina de uma forma rápida, demorando menos de 6 horas [47] [48] [49] . O sulfato do bisfenol A tem sido reportado
como um metabolito minoritário na urina em humanos.[50]
Em ratos o BPA é biotransformado pelas mesmas reacções [45] , mas nestas espécies, o BPA sofre
recirculação entero-hepática. Uma vez excretado do fígado pela bíle no tracto
gastrointestinal como conjugados do BPA, estes conjugados são novamente
quebrados a BPA e o BPA livre é reabsorvido. Como resultado, a clearance do BPA
é mais demorada nos roedores do que nos humanos, variando o tempo de meia-vida
de 19-78 h.[45]
O BPA livre é o composto toxicamente relevante, uma vez que o
conjugado não retém a actividade biológica do composto que lhe deu origem [51] [52] [53] . Por isso, a capacidade e o nível de
conjugação são importantes para a avaliação do risco do BPA.
HUMANOS - Estudos epidemiológicos recentes, têm sugerido alguma
associação, estatisticamente significativa, entre a exposição ao BPA (ex.:
doseando as concentrações de BPA na urina), e os efeitos na saúde humana em
adultos (ex.: desenvolvimento de doenças coronárias, distúrbios reprodutivos,
etc.), e alterações comportamentais em jovens do sexo feminino. Contudo, o Painel
da EFSA [54] salientou que os estudos epidemiológicos podem
demonstrar associações estatísticas entre a exposição ao BPA e a presença
(doença coronária), ou a ausência (cancro e asma), em termos de efeitos para a
saúde, mas o desenho inerente aos estudos transversais não permite o
estabelecimento de relações causais entre a exposição ao BPA e as consequências
prejudiciais na saúde (ex.: doenças crónicas).[54]
ANIMAIS - Estudos in vitro-
e in vivo- acerca de alterações em receptores, hormonas, sistema
imunitário, proliferação celular, apoptose, proteómica, genómica e epigenética
foram apresentados para compilar/ resumir os dados mais recentes acerca de
mecanismos endócrinos potencialmente relevantes mediados pelo BPA. Doses
elevadas de BPA (>5 mg/kg peso corporal/dia) podem ter efeitos
bioquímicos e moleculares consistentes com aqueles observados com outras
substâncias estrogénicas. Também se têm referido efeitos com uma exposição a
baixas doses de BPA, que podem ser independentes dos receptores hormonais
clássicos. O BPA possui uma ligação fraca afinidades para estes receptores, mas
os seus efeitos podem ser alternativamente induzidos por vias de sinalização
iniciadas através de cinases membranares. Porém, na ausência de curvas
dose-resposta claras e devido às falhas no desenho experimental, não se pode
retirar qualquer conclusão acercas das alterações bioquímicas e moleculares nem
é possível definir que têm ou não impacto na saúde humana. Devido à falta de um
modo de acção claramente definido para o BPA em baixas doses, a relevância
toxicológica dos efeitos do BPA descritos, não podem ser avaliados e os
resultados não podem ser tidos em consideração para a derivação do TDI. Apesar
de serem referidas algumas alterações bioquímicas como consequência de efeitos
de uma dose baixa de BPA, o Painel da EFSA [54] não considerou este efeito adverso
reprodutível.[54]
Eis, abaixo, uma lista contendo apenas alguns dos produtos plásticos que têm como base o Bisfenol A - BPA:[55] :
·
mamadeiras de plástico (recomenda-se, inclusive, o uso de mamadeiras
de vidro às de plástico) [56] ;
·
copos, pratos e
talheres de plástico (inclusive os infantis), especialmente se
estiver ingerindo bebidas quentes, tais como cafezinho, chocolate quente, etc [57] ;
·
materiais médicos e
dentários. A respeito dos materiais dentários contaminados com BISFENOL A, veja
o seguinte link:"Dental Composites for
Kids: Even Worse Than Mercury Amalgam?" (em português: "Compósitos
odontológicos para Crianças: ainda piores do que os de Amálgama de Mercúrio?");
·
nos enlatados, como
revestimento interno (inclusive de refrigerante, leite em pó ou comidas
enlatadas);
·
papeis térmicos (como os usados em máquinas de cartão de
crédito ou de emissão de nota fiscal, tíquetes de cinema , etc) [58] [59] . Nestes casos, acredita-se que o contato com
a pele possa ser suficiente para transmitir o bisfenol para o organismo humano.
·
tubulações e caixas de
água;
·
tintas e resinas
epóxi;
·
computadores;
·
Telhas de
policarbonato;
·
eletrodomésticos, tais
como panelas de vapor de plástico, liquidificador, etc;
·
A relação acima está
longe de ser completa. Não é incomum, a propósito, que o Bisfenol A deixe de
ser indicado na composição química de um determinado produto industrial,
especialmente quando é misturado (ou entra como subproduto) em sua composição
química;
Papéis térmicos também
são altamente suspeitos de causar contaminação pelo Bisfenol A, mesmo mediante
simples contato epidérmico e em baixas doses.
Formas de plástico,
especialmente quando levadas ao micro-ondas, liberam, na comida, Bisfenol A.
O uso do Bisfenol A em
materiais plásticos, tais como as embalagens de água da ilustração, é cada vez
mais apontado como maléfico à saúde.
Copos de plástico
também podem possuir bisfenol, dentre outros disruptores endócrinos. Pesquisas
condenam, inclusive, o uso do "cafezinho" (ou qualquer outra bebida
quente) em copos de plástico.
Vale, ainda, ressaltar: várias pesquisas recentes indicaram [42] que o Bisfenol é considerado um disruptor
endócrino capaz de ser
transmitido pela mãe (que veio a ser exposta a tal material) para sua prole de
forma epigenética. Para mais informações, videAlterações transgeracionais epigenéticas
inter-relacionadas com a Síndrome do Ovário Policístico (SOP).
O Bisfenol A (BPA) é amplamente utilizado no mundo e está
presente em uma gama diversificada de artigos manufaturados, incluindo resinas
odontológicas, plásticos de policarbonato e revestimento interno de latas de
comida. É um produto químico de alto volume, com a produção mundial em 3,6
109 kg por ano. BPA foi identificado como uma alta prioridade para a
avaliação de risco à saúde humana, porque considera-se que ele apresenta maior
potencial de exposição humana. A maioria dos estudos sobre os efeitos na saúde
do BPA se concentraram na desregulação endócrina levando a toxicidade
reprodutiva, mas tal produto apresenta efeitos colaterais adicionais, incluindo
danos ao fígado, interrupção da função pancreática de células-β, perturbações
hormonais na tireóide e promoção da obesidade [61] .
Note-se que , no Brasil, a ANVISA, no dia 15 de setembro de 2011, proibiu
mamadeiras com bisfenol A a partir de janeiro de 2012 [55] . Não há notícias, todavia, de que a ANVISAtenha
feito novas proibições, conquanto as evidências científicas contra o uso do
bisfenol venham cada vez mais se acumulando.
No Congresso Nacional do Brasil tramitam vários projetos de lei (PL 3075/2011; PL 3075/2011; PL 1197/2011; PL 5831/2009) visando
a proibição parcial de tal substância em produtos voltados para o público
infantil.
Todavia, o bisfenol afeta (conforme visto anteriormente) não
somente crianças mas, também, adultos, inclusive mães gestantes, as quais, caso
expostas ao bisfenol, podem provocar o desequilíbrio hormonal do feto (em sendo
o feto feminino, as chances de que o mesmo, após o nascimento, desenvolva a síndrome do ovário policístico (SOP) já foram demonstradas pela ciência [42] ).
Observe-se que mulheres adultas já acometidas e/ou
diagnosticadas com a síndrome do ovário policístico (SOP) podem sofrer um agravamento da
sintomatologia típica da síndrome acaso entrem em contato com disruptores
endócrinos como o Bisfenol A
(BPA)[62] .
Logo, é importante que o Brasil apresente projetos de lei
banindo, o máximo possível (inclusive no que diz respeito a produtos usados por
adultos), o bisfenol, até mesmo para garantir maior segurança aos consumidores.
O bisfenol A, conforme o estudo "Impact of early-life bisphenol A exposure on behavior and
executive function in children" [63] (em português: Impacto da exposição do
bisfenol A no início da vida sobre o comportamento e função executiva em
crianças"), sugere que o
bisfenol A pode comprometer o comportamento, inclusive sexual, de garotas. Neste estudo, a exposição ao BPA durante a fase
gestacional afetou a regulação nos domínios comportamentais e emocionais,
especialmente entre as meninas. Os médicos podem aconselhar os pacientes em
questão para reduzir a sua exposição a certos produtos de consumo, mas os
benefícios de tais reduções não são claras. Em resumo, a exposição ao Bisfenol A (BPA) durante a fase
gestacional pode afetar processos endócrinos ou de outros neurotransmissores e
perturbar a diferenciação sexual do cérebro, alterando o comportamento de uma
maneira dependente do gênero sexual [63] .
Estudo semelhante, publicado em 2014 no The Journal of the Society for Reproduction
and Fertility, chegou a conclusões
desconcertantes e surpreendentes. Intitulado como"Sex Specific Estrogen
Receptor beta (ERβ) mRNA Expression in the Rat Hypothalamus and Amygdala is
Altered by Neonatal Bisphenol A (BPA) Exposure" [64] [em português:"Receptor
Sexo-específico de estrogênio beta (RpE) Expressão mRNA no hipotálamo e
amígdala de ratos é alterado pela exposição Neonatal ao Bisfenol A (BPA)"],
o estudo esclareceu que a "vida
perinatal é uma janela crítica para a organização cerebral do dimorfismo
sexual, e é profundamente influenciada por hormônios esteróides. A exposição a compostos de DISRUPTORES ENDÓCRINOS (EDC)'' pode interromper este processo, resultando em uma fisiologia
reprodutiva e comportamental comprometidas. Para testar a hipótese de que a exposição ao Bisfenol A (BPA) no
período neonatal pode alterar a expressão do Receptor Sexo-específico de
estrogênio beta (RpE) em regiões cerebrais fundamentais para o comportamento
sociossexual, mapeamos os níveis de mRNA RpE no principal
núcleo do leito do núcleo do terminal de estria (BNSTp), o núcleo
paraventricular (PVN), o núcleo medial da parte anterior da amígdala (MEA), o
núcleo de super óptico (SON), o núcleo suprachiasmic (SCN) e a habenula lateral
(LHb) em dias pós-natal (PNDs) 0 a 19. Em seguida, foram injetados, nos
filhotes de ratos de ambos os sexos, por via subcutânea durante os três
primeiros dias de vida, 10 ug de benzoato de estradiol (BE), 50 ug / kg de BPA
(LBPA), ou 50 mg / kg de BPA (HBPA) e RpE em níveis quantificados em cada
região de interesse (ROI) em 4 e 10 dias pós-natal (PNDs). A exposição ao
benzoato de estradiol (EB) diminuiu o sinal do Receptor Sexo-específico de
estrogênio beta (RpE) na maioria das regiões de interesse (ROIs) feminino e no
núcleo paraventricular (PVN) masculino. No núcleo de terminal de estria
(BNSTp), a expressão do Receptor Sexo-específico de estrogênio beta (RpE)
diminuiu em machos LBPA machos e fêmeas HBPA no dia pós-natal nº 10,
revertendo, assim, a diferença entre os sexos na expressão. No núcleo
paraventricular (PVN), os níveis de mRNA RpE estavam elevados nas mulheres
LBPA, também resultando em uma reversão da expressão do dimorfismo sexual. No
núcleo medial da parte anterior da amígdala (MEA), o Bisfenol A (BPA) diminuiu a
expressão RpE no dia pós-natal (PND) nº 4". O mais importante, todavia, é a conclusão do estudo: "Coletivamente, estes dados demonstram
que a região e a expressão sexo-específica (RpE) é vulnerável, no período
neonatal, a uma exposição ao bisfenol A (BPA), especialmente em regiões, do
cérebro de ratos em desenvolvimento, críticas para o comportamento sociossexual
" [64] .
A Revista Superinteressante fez, inclusive, uma abordagem direta
sobre o tema, intitulada Disruptores endócrinos nos
plásticos: como isso prejudica a sua vida?. Eis alguns trechos
da reportagem: "Ao invés de
'disruptores', poderíamos também chamá-los de burladores ou fraudadores. Os
sinônimos são usados no artigo 'A Ameaça dos Disruptores Endócrinos', de José
Santamarta, que explica como essas substâncias sabotam as comunicações e
alteram os mensageiros químicos que se movem dentro do nosso corpo. 'Dado que as mensagens hormonais organizam
muitos aspectos decisivos do desenvolvimento animal, desde a diferenciação sexual até a organização
do cérebro,
as substâncias químicas disruptoras hormonais representam um perigo muito
especial antes do nascimento e nas primeiras etapas da vida. (…) Como
resultado, estamos sujeitos a um conjunto de efeitos maléficos à saúde, o que
inclui anormalidades sexuais em crianças e adultos, homens e mulheres. Nos
homens, pesquisas mostram a redução drástica do número de espermatozoides no
sêmen'” [65] .
Portanto, as evidências científicas são cada vez mais intensas
no sentido de que o bisfenol e os demais disruptores endócrinos estão alterando, de forma acentuada, o
comportamento humano, inclusive, conforme estudos científicos parecem sugerir,
a orientação sexual, notadamente na fase
fetal. Resta saber até que ponto tais alterações (causadas pelos disruptores
endócrinos, especialmente o bisfenol) repercutiram nas gerações humanas mais
recentes, o que demanda, ainda, mais pesquisas científicas nesta direção.
É importante, ainda, avaliar até que ponto o bisfenol já
contaminou o meio-ambiente (notadamente águas em represas e lixões). Uma
pesquisa científica, a esse respeito, parece ter encontrado concentrações muito
elevadas de bisfenol em amostras de água de despejo de resíduos e de
compostagem, bem como nas amostras de chorume [66] .
Nesse link da Revista Veja (COMO MANTER O BISFENOL
LONGE DO SEU FILHO) consta, inclusive, a seguinte recomendação: "Se puder, substitua mamadeiras, copos,
pratos e recipientes para guardar alimentos de plásticopor aqueles que que
sejam feitos de vidro, madeira, porcelana, aço ou metal. Ao comprar qualquer produto, especialmente
para crianças, busque informações nos rótulos das embalagens, como o selo
"bisfenol free", os números 3 e 7 no símbolo da reciclagem ou uma
certificação de órgãos como o Inmetro ou a Anvisa. Não compre brinquedos ou
qualquer tipo de produto que sejam de má qualidade, principalmente para
crianças pequenas. Se tiver em casa utensílios de cozinha de
plástico, evite colocá-los no microondas ou mesmo congelar alimentos nesses
recipientes. Produtos de plástico velhos, danificados ou vencidos devem ser
jogados no lixo" [67] .
Veja também os seguintes links externos:
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